Em Cirurgia bariátrica: não era uma questão de peso apenas… conhecemos a trajetória de Laurinha, uma professora que, pela razão mais errada possível, resolveu fazer uma bariátrica. Depois de cinco anos, por causa de um concurso no qual deveria documentar o que havia feito nos últimos anos, deu-se conta das transformações intensas que viveu. Nesse meio tempo desenvolveu, por assim dizer, um estranho quadro clínico e fez a maior confusão com a equipe multidisciplinar da cirurgia. Foi curiosamente graças ao cirurgião bariátrico que descobriu que era um caso “grave” de saúde mental. Ainda tem problema em admitir que ela, uma feminista então comunista, apaixonou-se por um desses caras fitinhas, aqueles que só frequentam balada com pulseirinha. Em vez de admitir um quadro agudo de paixão pelo médico, continuou procurando um laudo definitivo para seu estado emocional. Entre um diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Bipolar do Humor (TBH), insistia que o sentimento pelo doutor não passou de um exercício de autoconhecimento para bater tantas outras metas. Ao menos, depois de tudo, abandonou o comunismo e aceitou ser cuidada por sua família de direita, que tanto criticava. Afinal, na hora do vamos ver, foi ali, em meio a detestáveis fake news, que conheceu algumas verdades da vida. Ora à esquerda, ora à direita, pode-se dizer que, graças a uma torta jornada pós-cirurgia bariátrica, precisou abandonar uma postura controladora, que tanto lhe fora útil para conseguir tudo o que queria no passado. Essa história poderia ser um grande clichê, se não fosse humor ácido, alguns palavrões em tempos de cancelamento, tantas contradições e situações que não têm nada de politicamente corretas. Provocada por suas irmãs, Laurinha conseguiu verbalizar todo esse rolê para o coitado do primo, um jovem médico de família que não tinha nada com isso. O livro apresenta 34 crônicas, organizadas a partir de diálogos em um jantar de família.